quarta-feira, 16 de março de 2016

Por que assumir o cabelo afro é um ato político, de resistência e de empoderamento?

Redescobrir a beleza dos fios crespos/cacheados vai muito além da moda. O processo de transição capilar traz intrinsecamente uma consciência social e um resgate de ancestralidade, de retomada e de redescoberta de si mesmo. Ele nos faz enxergar o racismo estrutural, que nos fez crescer acreditando que “cabelo de preto não presta, é feio, é duro e parece bombril”. Quando assumimos nosso cabelo, estamos construindo uma nova estética, estamos adotando um posicionamento político de enfrentamento diário do racismo.

É uma forma de resistência, que empodera, pois você entende que não é só o cabelo em si. É o redescobrimento do seu corpo e da sua identidade negra.

Modelo: Vanessa Mendonça (euzinhaaa..rs)
Foto: Alyne Japponi Fotografia
Empoderar-se é reconhecer-se enquanto sujeito social, autor da sua própria história e capaz de lutar por direitos que não são só seus, mas também de um grupo. Nesse sentido, estamos nos empoderando quando percebemos a dimensão política que está representada em assumir o black ou os cachos
Quando identificamos as discriminações quanto ao nosso fenótipo e então, com esse discernimento, passamos a buscar mais conhecimento para entender alguns fenômenos sociais e assim lutarmos juntos pelo combate ao racismo e demais tipos de preconceito.

É por isso que a questão é mais do que apenas o cabelo. Porém, é através dele, que para grande parte das pessoas, inclusive para mim, essas constatações aconteceram. A partir do momento que eu me aceito como sou, que sei que não preciso alisar o meu cabelo para ser aceita por uma sociedade racista, eu me torno mais forte.

Mas não se sinta culpada(o), caso você alise o seu cabelo. Você não é menos negra(o) por esse motivo. Isso não existe! É você quem determina o que acha melhor. A questão importante a se entender aqui, é que hoje temos a liberdade de sermos quem verdadeiramente somos. Estamos em um processo de construção de autoestima e não precisamos ter vergonha de nossas características e nossa identidade negra. Estamos desconstruindo preconceitos, indo contra os padrões pré-estabelecidos. E isso AFROnta!  


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